Nesse mundo da prematuridade, temos muitas histórias de superação, de crianças que lutam pela vida e de famílias que transformam sua vida na busca do melhor para seus filhos.
Há algum tempo fiquei sabendo de uma dessas histórias… uma incrível história de superação: a do Léo.Eu soube através de uma amiga minha e comecei a acompanhar pela página do facebook. A Aline, mãe do Léo, sempre compartilha sobre sua luta e história de superação e eu senti que deveria compartilhar no nosso blog… pedi permissão pra Aline, e vou divulgar pra vocês os capítulos dessa história, conforme ela for escrevendo.
Nesse vídeo, conta um pouco do início dessa história… os detalhes, saberemos conforme a Aline nos contar!
Encorajo vocês a entrar na página dela do facebook e, se puder, ajudar o Léo a seguir sua luta! 🙂
Página do facebook: Juntos pelo Léo
A história, em capítulos:
Introdução:
Essa é uma história real, de amor, vida e muita Fé.
Toda transformação de nossas vidas veio com a necessidade de superar cada obstáculo enfrentado. Só não sabíamos que Deus havia nos preparado a vida toda… durante a história vocês entenderão muitas destas coisas, e talvez, enxerguem em suas vidas o real significado de cada pessoa ou ação que tenha passado um dia.
Eu e o Rodrigo estamos juntos desde os 15 anos de idade, naquela época de namoro falávamos em filhos, mas não era uma prioridade em nossas vidas e então curtíamos muito nossas fases… mas um dia em uma viagem sentimos um vazio, pensamos que era a hora de ter um filho…
Não foi bem assim como pensávamos , as coisas acontecem no tempo de Deus e então levou anos para a chegada do Léo.
Essa história é triste, engraçada, as vezes um pouco maluca, mas é cheia de amor.
Espero que gostem!
Boa leitura ❤️❤️❤️❤️
Beijos
Aline
#juntospeloleo #leoquerviver #ajudecomopuder #ahistoriadoLeo
CAPÍTULO 1 – A última vez que tive um medo bobo.
Era dia 21 de agosto de 2014, ansiosamente antes de ir ao trabalho abriamos o site do laboratório para ver o resultado do exame de sangue para comprovar a gravidez (O Beta HCG) e:
POSITIVO!!! ?
Lembro como se fosse hoje a felicidade que ficamos, eu e o Ro nos abraçamos, comemoramos muito… De repente, eu sentei na cama e fiquei paralisada com o exame na mão.
– o que foi? Você não está feliz? (Ro me perguntou)
– estou muito feliz, mas me deu um medo!
Ele me abraçou e falou :
– era o que queríamos, está tudo bem…
Então, essa foi a última vez que me lembro de ter tido um medo bobo, sem fundamento.
Eu não imaginava o que era sentir medo de verdade, até que os meses foram passando….
CAPÍTULO 2 – OS PRIMEIROS EXAMES
Tudo era perfeito, o primeiro ultrassom foi o momento mais delícia.
Aquele pontinho minúsculo piscando na tela e poder ouvir o coração do Léo foi um momento de êxtase, queria ficar ali uma eternidade.
Confesso que passei dias e dias ouvindo e vendo no meu celular, salve a tecnologia ?.
Logo começaram os enjoos, no início até achei interessante mas, aqui nada seria muito normal, e então começaram os vômitos ?… Passava mal o dia todo… Muito mal…
Mas era a o ônus da gravidez e fui aguentando, mas uma noite tive uma cólica muito forte, muita dor, logo meu médico me passou medicação e repouso.
Tudo continuava bem com meu pequeno grande guerreiro, nessa fase eu já havia feito exame de sangue para saber o sexo e já vivíamos a felicidade de ter um menino.
Exames de rotina, tudo super bem, aliás, logo nos primeiros ultrasom meu obstetra Dr Felipe Lazar, um médico excepcional e um excelente ser humano, estava fazendo o exame e tirou “fotos” a mais do ultrasom e disse:
Está tudo ótimo, seu bebê está bem, achei incrível tão pequeno ter tantos detalhes já visíveis no exame, aproveitei fiz algumas imagens pois vou fazer algumas publicações médicas e vou usá-las.
Naquele momento eu senti que não seria uma história qualquer, dentro da minha barriga estava alguém muito especial com uma missão incrível de não passar por essa vida sem deixar sua marca.
Ali, sem que eu notasse começava a História do Léo.
Continuamos com os exames de rotina, chegou o temido morfológico e o alívio de saber que estava tudo bem…
Tudo certo viagem marcada para fazer enxoval, pedi ao Dr. Felipe fazer um ultrasom só para ter a certeza que era um menino. Foi quando meu mundo desabou ☹️
Ele iniciou o exame, e seu rosto mudou, ele passava o aparelho de ultrasom rápido pela minha barriga e acho que encontrava palavras para me falar algo, e aquele médico gentil e humano não conseguia falar nada.
Quando eu consegui criar coragem de perguntar se estava tudo bem? Ele me respondeu, você não vai embora! Senta na recepção que vou chamar a Dra Fernanda especialista em medicina fetal.
Medicina Fetal??? Como assim??? Eu nem imaginava quantas coisas se podiam tratar antes do nascimento?
CAPÍTULO 3 – A TAL DA MEDICINA FETAL
Eu fiz o que o Dr Felipe me recomendou, aguardei no consultório a chegada da médica da medicina Fetal.
Rodrigo tinha uma reunião importante no trabalho e precisou ir embora, eu lembro de ter sentado num sofá tentando manter alguma calma para a chegada da médica.
Quando ela chegou no consultório me lembrei dela, Médica séria, concentrada, muito competente de poucas palavras e emoção, eu havia feito meu exame morfológico 1 mês antes e estava tudo bem, contamos os dedos juntas, me mostrou o tal ossinho importante do nariz… Mas naquele momento não era sobre isso…. A Dra Fernanda (guardem esse nome), uma ruiva de olhos azuis grandes começou a fazer o ultrasom… Dr Felipe estava junto na sala e eles falavam bastante termos técnicos, eu não entendia metade do que eles falavam, mas lembro dela dizer me parece o mesmo caso da Maria… Dr Felipe com a mão na cabeça dizia, não pode ser!!! É muito raro pra ser a mesma coisa… Eu só perguntava:
– Quem é a Maria??
Meio tenso DR Felipe me respondeu que era uma paciente da sua esposa (Dra Maria Cristina, minha antiga ginecologista), que o filho que um problema raro.
Meus pensamentos iam rápido demais e não compreendia nada…. Me pediram para aguardar na recepção…
Neste momento eu era tomada por um medo… Aqui o medo era bem real!
Tocou o meu celular era minha irmã. Minha irmã é como um anjo na minha vida, ela sempre sabe o momento certo que estou precisando dela. E apesar de tensa eu tentei passar uma tranquilidade ao telefone.
– Oi, e aí como está o gato do meu sobrinho?? Katya me perguntou ao telefone
– tudo bem! Estou ainda no consultório… Deu um probleminha no ultrasom e os médicos estão conversando… Respondi tentando mostrar que eu estava calma
Enquanto ela me perguntava se o Rodrigo estava comigo, penso que já estava com a chave do carro na mão, pois mal desliguei o telefone e ela estava ao meu lado no consultório.
Logo então a Dra me chamou na sala.
– Aline, falei com o professor… Seu ultrasom não é bom!
Eu não sabia nem o que perguntar e perguntei mas o significa o não é bom!
Aqueles olhos azuis grandes e agora desesperados repetia fixamente ao meus…
– Eu não sei… Mas não é bom! Seu bebê ainda é muito pequeno, há coisas que ainda precisam crescer para termos certeza… Mas há uma alteração importante e isso pode ser muitas coisas. Vamos fazer o seguinte:
Você vai pra casa, vou pedir exames de vírus, viu pedir uma consulta no infectologista pra descartar qualquer doença enquanto isso ele cresce e teremos exames mais conclusivos.
Eu não queria ir pra casa, queria que o Léo crescesse eu ficaria facilmente sentada naquela recepção esperando dia a dia fazer todos os exames…. Mas tive que voltar com essa incerteza e alguns nomes na cabeça (O professor e a Maria).
No meu ultrassom havia escrito obstrução de vias aéreas????? Muitos pontos de interrogação… A dra Fernanda suspeitava disso…
CAPÍTULO 4 – O LUTO E OS EXAMES
Voltei para a casa e não tinha vontade alguma de sair da cama.
Nada fazia sentido, eu estava grávida, com muito enjôo, e tinha que assimilar muitas coisas. Fiquei 2 dias assim… Depois me levantei e fui a consulta com o infectologista.
Dr David Uip já era meu médico há muitos anos… Foi fácil passar na consulta com ele…
Comecei explicando o que estava acontecendo e ele calmamente me perguntou.
– Aline, tenho idade para ser seu pai… Queria antes de explicar qualquer coisa saber do fundo do seu coração se você quer seguir com essa gravidez?
Eu nem pensei, a resposta foi claro que eu quero!!!
Então ele começou explicar detalhadamente o que os vírus poderiam fazer nos fetos, é algo realmente assustador. Por isso eu digo: não comam carne ou peixe cru, cuidado com animais de rua, etc (durante a gestação)
Naquele momento eu me senti acolhida, assistida, alguém que estava olhando para mim.
Exames e mais exames faziam parte da minha rotina… Todos negativos!
Período de encubaçao de vírus, repetir exames, negativos. A suspeita da Dra Fernanda estava cada mais concreta.
Nesse momento eu passava em consulta com infectologista, medicina fetal e obstetra, sem uma resposta concreta fui encaminhada para uma consulta com o Professor.
Nesse momento a história começa tomar um rumo difícil.
CAPÍTULO 5 – UM ABORTO… UM TEMPO PARA MIM
Eu já tinha marcado a consulta com o Professor, mas haviam muitos dias até a data.
Neste momento a palavra aborto começou a fazer parte da nossa história.
Aqui vou fazer um parênteses
(Não sou contra e nem a favor de aborto, cada pessoa tem o direito de decidir e sabe do seu limite para passar por tantas coisas, eu respeito toda decisão tomada conscientemente)
Mas isso não era uma possibilidade para a mim, os médicos me explicaram que se o problema do Léo fosse a obstrução nas vias aéreas não havia muitas chances dele nascer, nesses casos me parece que judicialmente pode fazer aborto… Eu nem fui atrás, não era uma possibilidade que eu considerasse mesmo… Na minha cabeça só havia um pensamento… Se essa for a vontade do Léo eu seguirei com a gravidez até quando ele quisesse, Eu JAMAIS anteciparia qualquer decisão.
Confesso que não teria sido fácil levar muito tempo, nessa fase eu tinha outras complicações, falta de ar, estava de repouso…
Algumas pessoas me falavam se não era o certo, pois eu passaria por muitas coisa caso ele nascesse com muitas complicações.
Eu não me importava com isso… Mas precisava de um tempo, sozinha, sem perguntas, sem respostas, sem ter que explicar muito as pessoas que me felicitavam ao ver que estava grávida, que me perguntavam sobre o quarto, enxoval etc
Eu tentava ser natural ao responder, mas confesso que foi uma tarefa difícil… Eu agradecia, sorria, contava os detalhes do quarto (inacabado), do enxoval (incompleto), e da delícia de estar grávida e ninguém desconfiava da minha dura realidade.
Conversei com o Rodrigo que precisava de um tempo sozinha, para cuidar de mim, comer bem, ter contato com natureza…ele me apoiou… Então resolvi ir passar uns dias num SPA.
Arrumei minhas malas e fui… Minha mãe muito presente me levou até o SPA, o lugar era lindo, tudo o que eu precisava. Fui recepcionada por uma nutricionista que atenciosamente preparou um cardápio saudável, natureza, tinha massagem, muitas pessoas sozinhas e então sorri para minha mãe e disse que ia ficar bem… Ela entrou no carro e foi embora.
Confesso que nessa hora chorei sem parar, chorei muito por horas… Eu penso que minha mãe tbm voltou chorando… Lá não funcionava celular, então eu estava sozinha e não precisava mais ser forte pra ninguém… Depois disso desci para o jantar, com um certo receio de ter que falar sobre minha gravidez.
Mas, não sei se as pessoas pensavam que eu estava lá pq estava gordinha, ou se perceberam que eu estava grávida… Mas as conversas eram animadas, todas as pessoas muito bem resolvidas e comecei a me sentir muito bem. Eu não fazia as atividades físicas, mas aproveitava a natureza para conversar com o Léo, ler livros, descansar.
Então chegou o fim de semana e o Rodrigo foi para o SPA, eu já estava outra pessoa… E aproveitamos muito o fim de semana…massagem, aula de dança, comida saudável, ar puro.
Essa também foi a última vez que descansei, depois destes dias de paz, dias de muita turbulência
CAPÍTULO 6 – UMA PROVA QUE DEUS ME PREPARAVA DESDE SEMPRE.
Não é possível eu continuar a história sem mostrar como o amor de Deus por mim e por toda a nossa história foi sempre tão presente.
Vou voltar a minha infância para contar um pedaço de algo muito importante.
“Eu era bem pequena, talvez, uns 8 ou 9 anos eu acho.
Nossa família muito grande, muitos primos e então ganhamos de Deus uma prima especial.
Camila não era especial pela mielomeningocele, era especial pela luz que ela tinha, pela alegria que sua presença trazia onde quer que ela fosse.
Mas as minhas melhores lembranças são na casa da Vó Lola.
Camila chegava e não tinha como continuar brincando no quintal, corria para dentro da casa para brincar com ela… Ela tinha a gargalhada mais envolvente, Camila era pura felicidade.
Ela tinha cabelos bem finos e loira, estava sempre sempre muito bem vestida e cheirosa.
Eu não lembro da Camila triste, nem da minha tia reclamar de nada. Camila era um anjo.
De tão pura e linda Deus chamou ela de volta e com 4 anos Camila nos deixou ☹️
Naquela época a medicina não tinha tantos recursos….
Em 2014, mais precisamente dia 11 de fevereiro, meu aniversário eu estava em casa sozinha e resolvi assistir televisão (quem me conhece sabe que televisão em casa é enfeite, não tenho hábito de assistir) mas esse dia Deus me preparava uma surpresa…
Assistindo o programa da Ana Maria Braga vi dois médicos falando de cirurgia intra útero para correção de mielomeningocele. Neste período eu não imaginava que ficaria grávida, mas assisti aquela matéria atenciosamente e pensava na Camila, ah! Se Camila nascesse hoje tudo seria diferente.
Além do mais o amor daqueles médicos e das famílias entrevistadas me tocou de uma forma inexplicável
Eu nem imaginava que esse era o tal Professor que depois de quase 1 ano seria o primeiro anjo em nossas vidas.
Para quem quiser assistir a matéria, vou colocar o link, eu recomendo assistir… A revolução que eles fizeram na medicina merece todo amor e atenção
CAPÍTULO 7 – DIA DA CONSULTA COM O PROFESSOR
Dr Moron é o nome do médico, os outros médicos chamam ele de professor pois ele é realmente professor na UNIFESP, eu acho que DR Moron é anjo e ponto final.
Chegamos a consulta muito apreensivos… No consultório do DR Moron havia duas salas, cheguei e ele já me pediu para deitar para fazer o ultrasom.
Eu não sabia se já tinha gostado do Dr Moron, ele era sério, fez o exame em silêncio… Tentamos algumas conversas mas elas foram sem sucesso…
Terminou o exame ele disse:
– Filha, se troca vamos a minha mesa.
Estava eu, Rodrigo e minha irmã.
Ele esperou eu me trocar e quando cheguei mesa ainda estava um silêncio e num papel vagarosamente ele começou desenhar a tal via aérea.
Começou explicando que o que o Léo tinha podia ser 2 coisas, uma membrana na traquéia que estava obstruindo a respiração dele ou ser uma atresia, uma má formação. Em fração de segundos eu pedi a Deus que fosse a tal membrana pelo simples fato de que me pareceu ser algo mais “simples” ele terminou a frase dizendo.
Infelizmente é uma atresia! ☹️
Eu que oscilava entre estar na consulta e tendo DR com Deus, pensei puxa vida não é possível Deus!!!
Dr Moron seguiu explicando que se fosse a membrana ele faria uma cirurgia introduziria sei lá o que pela boca do Léo e tiraria essa membrana… Bla Bla.bla…. Eu nem prestei muita atenção, pq se não era membrana nem adiantava eu saber… Terminou a aula e veio a informacao da tal atresia.
– Mas e aí DR Moron e sendo atresia?? (Queria logo chegar na minha solução)
– Então filha, atresia não tem muito o que fazer… Não existem bebês que nasceram com esse problema, eles não conseguem chegar ao final da gestação. O líquido que junta na barriga deles, aperta o pulmão que aos poucos vai apertando o coração.
O coração Fica em formato de uma gota até que para de bater e acontece o aborto natural ☹️
Ali parecia que ele estava descrevendo o meu coração, que já estava apertado depois de ouvir isso ficou esmigalhado.
Então eu no meu momento DR com Deus perguntei : Deus tá e o onde entra a Maria?
– Dr Moron, não tem o que fazer?
Então filha, há 15 dias eu fiz a primeira cirurgia do mundo, estudamos e pensamos em fazer uma traqueostomia intra útero.
Meu coração voltava a bater, parecia uma luz… Mas…
Mas filha, essa foi a primeira cirurgia a mãe e o bebê passam bem, estão internados ainda, mas estão bem.
– Então vamos operar o Léo??
Ai ele explicou que como era a primeira cirurgia ele precisava esperar, o bebê nascer para ver, etc etc etc.
Eu não tinha tempo a esperar, o coração do Léo já era uma gota ele já estava em sofrimento fetal… E aí comecei a implorar todos os dias ao Dr Moron fazer a nossa cirurgia.
Voltamos para a casa com a missão de esperar o Léo, crescer faríamos exames sempre que necessário, as vezes fazíamos ultrasom dia sim e dia não… E para que o pudesse crescer ele precisava tirar o líquido da barriguinha dele.
Esse procedimento chama paracentese, íamos pro centro cirúrgico eu tomava uma anestesia local e ele colocava uma canula que furava a minha barriga, meu útero até chegar na barriga do Léo furar a barriga dele e esvaziar o líquido. Era um procedimento de risco, mas era necessário, eu fiz esse procedimento algumas vezes… Depois do medo do desconhecido passei a gostar da paracentese.
Como o Léo estava em sofrimento fetal ele quase não se mexia, mas no dia que tiravam esse líquido ele mexia normalmente. Era meus momentos de grávida de verdade, durava 2 dias no máximo logo aquele líquido enchia a barriga do Léo novamente.